quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Depoimento de carinho ao professor Nazir - por Zelinda De Bona

Depoimento de carinho ao professor Nazir - por Zelinda De Bona.
Professor José Daher - Nazir
*21/02/1928 + 27/11/2015

Querido Professor Nazir...

Hoje faz sete dias que você partiu antes de nós. Foi tudo muito rápido, sem despedidas nem adeus. Era tudo que você queria, sair deste mundo com a elegância e a sabedoria que o acompanhou por toda a sua vida.
Nascemos no mesmo dia, 21 de fevereiro. Quando você completou 9 anos, Deus te deu um presente que você teve que esperar 79 anos para receber. O tempo de Deus não é o nosso, e em 2006 chegou o dia tão esperado... a minha vida em tua vida... durou 9 anos e nove meses. Uma relação de muito amor, companheirismo, aprendizado. Um relacionamento repleto de felicidade. Tivemos alguns momentos muito difíceis, que superamos juntos para seguir em frente, sem olhar para trás. Hoje, conversando com você bem cedinho, pedi que me desse um sinal, não importava como, podia ser em sonho, em um cheiro de perfume ou uma brisa suave no meu rosto, enfim um sinal para que tivesse a certeza de que você ainda está ao meu lado, me cuidando. Você não só enviou um sinal, mas dois. Tenho a certeza de sua presença nas 24 horas do dia. Obrigada, meu anjo de LUZ.
Poucas pessoas neste mundo têm a graça de viver e conviver com um ser tão iluminado. Agradeço muito ao meu Deus.
O meu agradecimento eterno à minha filha Karin e ao meu genro Narciso, que cuidaram dele naquele momento tão difícil e lhe deram amparo e aconchego.
O meu agradecimento aos médicos e à equipe de enfermagem do hospital de Morretes, que fizeram o possível e o impossível para salvá-lo.
Aos meus familiares e todos da família Daher que estão me fortalecendo. Seus amigos da União Espírita de Morretes, Paranaguá e Antonina, e aos demais amigos o meu muito obrigada.
Um agradecimento a todas as minhas amigas da Santa Rita, do grupo do meu lanche, da faculdade da turma da UAM. Sem palavras para expressar minha gratidão aos participantes e companheiros do Grupo Amigos Solidários na Dor do Luto. 
Obrigada a todos os meus amigos e amigas de perto ou de longe que compartilharam comigo esse momento tão difícil.
Gostaria de agradecer também a todos que, com palavras repletas de emoção, relembraram tudo o que você representou em suas vidas. Este momento de partilha foi para mim muito emocionante e gratificante. 
Agradeço, em seu nome, aos amigos, alunos e colegas que fazem parte do cotidiano de Morretes. Sei que sua amizade acolhia desde o mais humilde até o representante maior desta cidade que você tanto amava. 
Naquela tarde de sábado, dia 28 de novembro, eu não te enterrei... 
Com o maior carinho eu te plantei para o melhor lugar que possa existir: a casa do meu Pai.
Que a LUZ perpétua te ilumine, hoje, amanhã e sempre!

Até o nosso reencontro de eterna felicidade!
Te amo!

Sua companheira, Zelinda.
Zelinda De Bona
















03 de dezembro de 2015.
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Algumas imagens do casal - Nazir e Zelinda.








Casal - Nazir e Zelinda (no canto direito da foto)


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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Homenagem ao professor José Daher (Nazir) - autor Diácono Narelvi Carlos Malucelli

Homenagem ao professor José Daher (Nazir).  Autor: Diácono Narelvi Carlos Malucelli.
Professor José Daher - Nazir
* 21/02/1928 + 27/11/2015

MENSAGEM AO PROFESSOR NAZIR...
A morte é o fechamento da vida aqui na terra. Todos sabem disso. Contudo, não sabemos o dia nem a hora quando acontecerá. Uma incógnita, embora eu acredite que pouco antes, de alguma forma ela possa ser pressentida. E espero que sim, porque permitirá uma última reflexão espiritual e certamente uma reconciliação com Deus.
Faleceu ontem em nossa querida cidade um dos homens cujo nome se encontrava no quadro de honra dos morretenses. Refiro-me ao Sr. José Daher, ou "seo" Nazir, ou mais conhecido por prof. Nazir.
Batalhador desde jovem sempre procurando crescer como cidadão buscando um lugar que pudesse permitir-lhe praticar o bem na sociedade e espiritualmente.
Conseguiu preparar-se profissionalmente e intelectualmente, formando-se técnico em contabilidade e professor, e exerceu ambas as profissões. Mas foi na educação, como mestre, que se revelou como um dos melhores professores lecionando português e com simpatia e camaradagem soube manter laços de amizade e confiança com seus alunos e colegas.
Constituiu sua família de onde nasceram dois filhos que ele muito amava, Maurício (que faleceu antes dele) e Marisa, que deram netos para alegria do prof. Nazir.
Homem prestativo, culto, que desconsiderando idade e habilidade, dedicava-se à prática esportiva amadora obviamente. Seus passeios pelo rio Nhundiaquara com seu caiaque e futebol (pelada) no campo do Retiro se tornaram por bom tempo suas diversões prediletas. Porém, sem jamais deixar de lado seus exercícios pedagógicos.
Morretes que foi berço de tantas personalidades culturais e prestadoras de serviços à comunidade contava com o prof. Nazir como um dos remanescentes.
O prof. Nazir foi meu professor na então Escola de Comércio, depois nos tornamos colegas no magistério, e por último meu grande amigo que gostava de me visitar no escritório para um bom bate-papo. E foi também meu patrão quando ainda bem jovem trabalhei no seu escritório contábil.
Nos seus últimos anos partilhou sua vida também com dona Zelinda De Bona, fazendo da convivência momentos de alegria e felicidade.
Ele espírita e eu católico, sempre nos respeitamos doutrinariamente, porque apesar de nossas diferenças de crença, sei que com a morte o homem encerra a prática religiosa terrena para um encontro pessoal com Deus que julgará.
Na sua atividade espírita, inegavelmente foi um grande praticante, administrador e orientador do Centro Espírita de Morretes e demonstrava convicção naquilo em que acreditava.
Não escondo que desde os nossos primeiros contatos sempre tive grande admiração pelo prof. Nazir. Essa admiração consolidou-se quando fui visitá-lo, recém-falecido no quarto do hospital de Morretes, e uma das enfermeiras contou-me que já bastante debilitado, o prof. Nazir olhou para os presentes, levantou suavemente sua mão e pronunciou: “Deus abençoe vocês. Fiquem em paz”, e expirou. Com certeza ele lembrou nesse momento de todos os que fizeram parte da sua vida, principalmente da sua família. Suas últimas palavras foram de confiança em Deus e de paz.
Muito mais poderia ser dito, mas resumo aqui e, assim, a minha mensagem de homenagem ao amigo prof. Nazir usando das suas mesmas palavras: Deus te abençoe prof. Nazir! Descanse em paz!

Diácono Narelvi











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José Daher: O professor ilustre de Morretes.

Jornal > Gazeta do Povo - 26/12/2015.
Da Redação:
Texto publicado na edição impressa de 26 de dezembro de 2015.

José Daher nasceu em uma cidade rodeada pela natureza. Nos rios, gostava de navegar. Nas matas, encontrava refúgio e recarregava as energias. Nas ruas de paralelepípedos, amizades e amores se eternizaram. Se você chegar em Morretes, no Litoral do Paraná, e perguntar se alguém o conhece pelo nome de batismo, provavelmente receberá um não como resposta. O nome registrado pelo pai na certidão de nascimento permaneceu escondido nas linhas do documento.
Agora, encontrar alguém que conheceu o “Professor Nazir” é uma tarefa fácil. O apelido foi uma insistência materna somada à escolha em lecionar língua portuguesa. Antes de adentrar no universo da educação, já tinha se formado técnico em contabilidade, exercendo com maestria duas profissões distintas: gostava da exatidão dos números e da subjetividade da escrita.
Nascido em 21 de fevereiro de 1928, o Professor Nazir permaneceu praticamente a vida inteira em Morretes, saindo apenas sete anos para estudar. Na juventude, casou-se com Isaura Alpendre, a primeira esposa, com quem teve dois filhos: Maurício Daher e Marisa Daher. Aos 32 anos, Maurício foi assassinado durante um trabalho que realizava em Moçambique, na África. O engenheiro agrônomo foi atingido por tiros em uma época de guerrilha no país. A notícia abalou fortemente o Professor Nazir, que encontrou forças na religiosidade e nos amigos para superar a dor do luto.
O Espiritismo era algo que lhe encantava. Por mais de 50 anos, dedicou-se aos estudos espíritas. Na União Espírita Jesus Maria José, exerceu a função de administrador, orientador e praticante da doutrina por longos anos. Como voluntário, ajudava no Asilo Recanto Fraterno, mantido pela União Espírita. Foi nesse espaço que conheceu Zelinda de Bona, também voluntária no asilo, e com ela compartilhou os últimos anos de vida em um relacionamento de muita amizade e compreensão. Dona Zelinda, coordenadora do Grupo Amigos Solidários na Dor do Luto, nasceu no mesmo dia do Professor Nazir. Como um aviso, a vida já tinha marcado esse encontro que demorou para acontecer, mas que mudou a vida de ambos. Nas longas conversas, eles compartilhavam as experiências de vida. Ela, morando em Curitiba. Ele, em Morretes. Nos fins de semana e feriados, a alegria do reencontro era contagiante.
“O nosso tempo juntos era de muita qualidade de vida. Foi um relacionamento maduro, verdadeiro e de muita amizade. A gente entendia que devemos aceitar as pessoas como elas são. Assim como ele dizia, eu posso afirmar que foram os 10 anos mais felizes da minha vida. Foi um presente de Deus”, diz Zelinda.
Como poucas pessoas, ele cuidava da saúde praticando esportes e se alimentando de frutas e verduras orgânicas, compradas na feira dos produtores locais. Nas águas do Rio Nhundiaquara, passeava com o seu caiaque e não dispensava uma partida de futebol no campo do retiro. Também era praticante de yoga e, como um autêntico morretense, andava de bicicleta.
Amante das letras, mantinha o desejo de escrever um livro de memórias. O projeto não se concretizou. Mas, aos 83 anos, decidiu criar o blog “Páginas Escolhidas” para compartilhar as suas lembranças da cidade de Morretes. “Quando percorremos embarcados, os rios do nosso litoral que sofrem a influência das marés, e que têm em suas margens grandes extensões de manguezais, ouvimos, no silêncio daquelas regiões ermas, só quebrado pelo canto dos pássaros, fortes estampidos, muito semelhantes aos que são produzidos pelas espingardas de ar comprimido”, escreveu o Professor Nazir em uma publicação no blog, sintetizando com carinho as belezas de sua cidade.
Uma dor repentina no estômago surgiu em novembro. Foi levado ao hospital e ficou um dia internado. Recebeu alta e voltou para casa. Passou mal mais uma vez no dia seguinte. Novamente foi ao hospital, mas teve oclusão intestinal e então o coração do ilustre professor de Morretes parou de bater. Deixa a companheira Zelinda de Bona, a filha Marisa, netos, familiares e amigos.

José Daher faleceu no dia 27 de novembro, aos 87 anos, em decorrência de oclusão intestinal seguida de uma parada cardíaca, em Morretes.

Colaboração: Larissa Mayra.
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Algumas imagens do professor Nazir.

Professor Nazir ao lado de seu amado filho
Maurício Alpendre Daher (in memoriam).
Professor Nazir com sua
companheira Zelinda De Bona










Professor Nazir - o último a direita (óculos escuros).












































Professor Nazir - Sentado, 1º da esquerda para a direita.

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