sexta-feira, 14 de junho de 2013

As riquezas da terra e vocações do litoral paranaense

AS RIQUEZAS DA TERRA E VOCAÇÕES DO LITORAL PARANAENSE.
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O Estado do Paraná está localizado no Sul do Brasil, numa região de geografia acidentada, abrigando em seu território valiosos tesouros naturais e alguns dos atrativos turísticos mais visitados do Brasil. O litoral do Paraná merece um destaque especial. Esta é a razão da criação do nosso site. O Paraná tem um dos menores litorais de todos os estados brasileiros, com cerca de 90 km de extensão. São mais de 600 mil hectares de um espaço muito especial, de ambientes terrestres e marinhos, onde estão algumas das áreas naturais mais ricas de todo o planeta. 
O litoral do Paraná abrange sete municípios: Antonina, Guaraqueçaba, Guaratuba, Matinhos, Morretes, Paranaguá e Pontal do Paraná, e abriga também as baías de Paranaguá, de Antonina, de Guaraqueçaba e de Guaratuba entre outras. Margeando as baías, mais de 24.000 hectares de mangues ainda protegem a qualidade das águas e asseguram a manutenção da vida marinha. O litoral paranaense divide-se, geograficamente em: Litoral Norte (Paranaguá, Morretes, Antonina e Guaraqueçaba) e Litoral Sul (Pontal do Paraná, Matinhos e Guaratuba).





Morretes é bonita e privilegiada por natureza. O potencial hidráulico é um dos pontos fortes desta cidade, que no passado edificaram-se muitos engenhos de cachaça e beneficiamento de erva mate. Hoje muitos desses engenhos deixam suas marcas em forma de ruínas, mas as cachoeiras estão presentes embelezando ainda mais esta bela e pacata cidade. Entre muitas cachoeiras, destacam-se: Bom Jardim, Grota Funda, Macacos, Marumbinistas, Redondo, Salto da Fortuna, Salto das Crianças, Salto do Inferno, Salto Fumo Bravo, Salto Itupava, Salto Rosário, Tombo D’ água e muitas outras não catalogadas. Conheça as Cachoeiras de Morretes.



Banana


O litoral é responsável por cerca de 80% da produção de banana de todo o estado. A bananicultura se destaca principalmente em Guaratuba, no litoral sul, onde a produção é mais intensiva e tecnológica. De lá saem, aproximadamente, 80 mil toneladas da fruta todos os anos. Com uma produção menos desenvolvida devido às restrições ambientais e a dificuldade de acesso, Guaraqueçaba lidera o cultivo no litoral norte. Alta produtividade e trabalho em família caracterizam a fazenda Banage, em Guaratuba.

Mandioca


Cultivada em abundância nos municípios do litoral, a mandioca é a matéria-prima de uma tradição que resiste ao tempo: a produção artesanal da farinha de mandioca nas farinheiras do litoral. O grande diferencial do produto é a adição do amido, parte nobre da mandioca, que o deixa mais rico e saboroso. Quando feita sem o produto, a farinha tende a ficar mais seca e perde em sabor.


Palmito


O clima úmido e chuvoso do litoral faz com que a região seja considerada a melhor do estado para o plantio de palmáceas. A produção de pupunha e palmeira real vem se consolidando com uma alternativa rentável para os cerca de 500 produtores do litoral, que precisaram buscar formas de aliar produtividade e preservação ambiental. A presença de 11 indústrias de beneficiamento do produto na região favorece ainda mais o cultivo das plantas rústicas, cujo manejo é simples e não exige grandes investimentos.


Olericultura


O plantio de hortaliças é das principais atividades produtivas da região litorânea. Fonte importante de renda para a agricultura familiar, a produção é absorvida pelo litoral, Curitiba e região metropolitana. Junto com as frutas, as hortaliças produzidas no litoral são utilizadas para fazer conservas e compotas.



Pescado




Base do sustento de muitas famílias, a pesca artesanal ainda é predominante no litoral paranaense. Com exceção de Guaratuba, onde a atividade é mais industrializada, o restante dos municípios realiza a tradicional pesca de "sol a sol". Entre os destaques da região estão o pescado marinho e o camarão de captura. Aproveitando o grande potencial da região, estão sendo implantados projetos de cultivo de ostras e mexilhões em alguns pontos do litoral, em especial em Guaraqueçaba. A bordo do barco Anthony, Joel de Lima, 53, e o companheiro Márcio Biga, 37, da colônia de pescadores de Matinhos, enfrentam sol e chuva para garantir a renda da família.

Fonte> Gazeta do Povo


FABRICAÇÃO DA FARINHA DE MANDIOCA


Farinha de mandioca: tradição centenária.


Delegada aos moradores mais antigos do litoral, a produção artesanal da farinha de mandioca faz parte identidade cultural e gastronômica da região.
Toda farinha de mandioca produzida com a ajuda da esposa Alzira Dias, de 70 anos, é destinada ao consumo da família e amigos, mas também pode ser vendida em pequena escala para quem tiver interesse em experimentar a genuína farinha do litoral. Apesar da demora entre o plantio e a produção, a farinheira do casal Dias nunca fica parada. “Quase sempre os vizinhos fornecem a mandioca, nós fazemos a farinha e ficamos com uma porcentagem”, conta o agricultor.
A produção artesanal de farinha de mandioca no litoral paranaense é uma tradição que resistiu ao tempo e à modernização da produção. Espalhadas por todos os sete municípios, as farinheiras são um patrimônio cultural da região e a farinha, acompanhamento indispensável do prato típico do litoral – o barreado.
O diferencial da farinha litorânea, explica o professor Luiz Fernando Lautert, da Universidade Federal do Paraná no Litoral e coordenador do Programa Farinheiras do Litoral do Paraná, é o amido da mandioca, que não é retirado da massa durante o processo de prensagem. Também chamado de goma, o amido confere sabor e textura especial à farinha.
Um levantamento mapeou a existência de 133 farinheiras em todo o litoral. Dessas, 56 são como a farinheira do casal Dias, que produz pequenas quantidades do produto para o consumo familiar. Das farinheiras restantes, oito são comunitárias e 54 produzem para a comercialização. Apenas 15 estão desativadas.
Fonte> Gazeta do Povo


COMPOTAS E CONSERVAS




Riquezas que vêm da terra.
A diversificação de atividades em áreas agrícolas pequenas é característica da produção litorânea. 
O sucesso das compotas e conservas de Rosana Cagni (foto) foi tanto que hoje já são mais de 40 tipos.

A região litorânea do Para­­ná é uma das áreas do estado onde existe maior equilíbrio entre os setores produtivos e a conservação ambiental. Inseridos em uma área de grande biodiversidade, em meio a santuários ecológicos, parques nacionais e unidades de conservação –, os sete municípios tiveram de readequar a produção tradicional às exigências de preservação e uso sustentável dos recursos naturais. Esse fator acabou determinando as vocações produtivas da região. No caso da agricultura, a impossibilidade de expandir as áreas de cultivo acabou levando à diversificação das atividades econômicas nos espaços já existentes, além da adoção de culturas amigas da natureza, como a plantação de palmáceas e banana, grandes destaques da região hoje, juntamente com o pescado e camarão marinhos. Entre uma série de outros produtos cultivados pela agricultura familiar no litoral paranaense destacam-se também a mandioca, o arroz e uma grande variedade de hortaliças. A diversidade de atividades econômicas em áreas agrícolas pequenas é a principal característica da produção no litoral, afirma Paulo Roberto Chistóforo, chefe do Núcleo Regional de Paranaguá da Secretaria de Abastecimento do Estado (SEAB/PR), para quem “é preciso aliar a produção à conservação da natureza, sem esquecer o pequeno agricultor que já estava inserido no ambiente e depende da terra para o sustento familiar”.


Agregando valor...
A dificuldade de expansão das áreas de cultivo nos municípios do litoral levou os agricultores a buscarem formas de agregar valor aos produtos. É o caso das balas de banana de Antonina, da cachaça de Morretes, dos chips e farinha de mandioca e das compotas e conservas feitas com frutas e hortaliças da região.
Moradora de Morretes, a agricultora Rosana Cagni, de 43 anos, começou fazendo conservas para o consumo da família. O sucesso foi tanto que, em 2005, ela industrializou o processo. 
Cinco anos depois já são mais de 40 tipos de compotas e conservas à base de pepino, chuchu, quiabo, cebola, banana, gengibre, entre outros. “Sei que preciso investir nos produtos que circulam mais, mas gosto de inventar e testar novas receitas”, diz Ro­sana, referindo-se à grande variedade de conservas que produz.
Satoshi Nonaka, da Emater de Matinhos, também ressalta a importância de agregar valor ao pescado, principal produto do município. Para ele, esse é um processo que passa pela revitalização do mercado municipal do peixe e por torná-lo um atrativo turístico e gastronômico. 
“A pesca artesanal respeita o meio am­­biente. Além disso, os turistas gostam da proximidade e do contato direto com os pescadores”, diz.
Fonte> Gazeta do Povo


CACHAÇA MORRETIANA
Alambique artesanal





















Cachaça: a legítima morretiana.
Berço da cachaça, Morretes é responsável por 10% da produção total da bebida no Paraná.
A tradição de Morretes na produção da genuína cachaça brasileira rendeu fama e reconhecimento que foi parar até no dicionário. No Aurélio, o verbete morretiana é sinônimo da bebida, típica do Brasil. Não é à toa. Registros históricos comprovam que a cachaça começou a ser produzida no município no século 18.
O auge da produção, porém, foi no século 20, na década de 1940,quando havia mais de 40 engenhos. Hoje, com 15 alambiques, Morretes lidera a produção de cachaça no litoral e contribui com 10% de toda a produção paranaense, segundo o presidente da Associação dos Produtores de Cachaça Artesanal do Paraná e diretor comercial do Alambique Porto Morretes, Fulgêncio Torres Viruel.
A bebida que sai dos alambiques de Morretes – cerca de 400 mil litros por mês, é destinada ao mercado consumidor nacional e internacional como, por exemplo, a cachaça orgânica da Porto Morretes, exportada para os Estados Unidos, Canadá e Suíça. A empresa, que em 2004 reativou um alambique do século 18, decidiu agregar valor ao produto e investiu na produção de cachaça orgânica.
Todo o processo de produção – do plantio da cana-de-açúcar até o envasamento final da bebida  é feito sem a utilização de produtos químicos. Luciane Fernanda Rosa, que trabalha no local, explica que até o fermento adicionado ao caldo para a fermentação é natural, feito com fubá amarelo, farelo de arroz e limão. Para Viruel, o segredo da legítima morretiana “está na combinação entre as antigas técnicas artesanais de fabricação da bebida e a modernização da produção, que é totalmente adequada aos padrões de qualidade exigidos”.
Cana-de-açúcar, o produto base da fabricação da cachaça.
Até o fermento adicionado ao caldo para a fermentação é natural, feito com fubá amarelo, farelo de arroz e limão. Feita com o coração, como é chamada a parte nobre do caldo fermentado, a cachaça final é branca e leva o nome de prata. Entretanto, a especialidade do alambique centenário da Porto Morretes é a cachaça ouro, envelhecida em barris de carvalho.

Cachaça
Não é à toa que o dicionário Aurélio traz como sinônimo de cachaça a palavra "morretiana". 
Maior produtor de cana-de-açúcar do litoral paranaense, Morretes tem tradição na fabricação da bebida. Um exemplo é a cachaça orgânica produzida pela Porto Morretes.
A empresa não utiliza produtos químicos em nenhuma das fases do processo de produção da cachaça, vendida para todo o Brasil, além de Estados Unidos, Canadá e Suíça.
Fonte> Gazeta do Povo



GENGIBRE

Paraná desponta como maior produtor nacional 
de gengibre.

           
Cenário estadual

A cultura de gengibre foi introduzida por famílias de japoneses no litoral paranaense há aproximadamente 25 anos (EPAGRI, 1998). 
Entretanto, tornou-se efetivamente comercial somente na última década, após introdução de variedade de rizomas gigantes (TAVEIRA MAGALHÃES et al., 1997). Atualmente, o Estado do Paraná desponta como o maior produtor nacional de gengibre (rizomas in natura) totalizando 3.945 t/ano, em uma área aproximada de 201 ha, distribuída em 26 municípios. A safra 2001/02 contabilizou R$ 3.3 milhões, correspondendo a 19,14% do Valor Bruto da Produção (VBP) do Grupo "Especiarias" e 0,017% do VBP estadual (PARANÁ, 2003).
A maior parte da área produtora de gengibre no Paraná (97%) está concentrada no litoral paranaense, restrita aos municípios de Morretes, Guaraqueçaba, Antonina, Paranaguá e Guaratuba, todos pertencentes ao Núcleo Regional (NR) de Paranaguá (PARANÁ, 2003).
Os cinco municípios produtores de gengibre que pertencem ao Núcleo Regional de Paranaguá ocuparam uma área aproximada de 194 ha, com produção média de 3.880 t na safra 2001/02.  Morretes,   principal  município paranaense produtor de gengibre, ocupa aproximadamente 60% da área cultivada e participa com 54% do total da produção do Núcleo Regional (PARANÁ, 2003).
A análise das informações estatísticas referentes a área ocupada e volume de produção de gengibre, safras 1990/91 a 2001/02, indicam um comportamento sazonal atrelado às variações da oferta e demanda do mercado externo (PARANÁ, 2003) (figura 3).

 

A safra 1997/98 foi recorde em termos de produção de gengibre, principalmente em função do que foi produzido no núcleo regional de Paranaguá. Assim como citado para o comércio brasileiro de gengibre, vários fatores podem estar associados a este recorde estadual como, por exemplo, a demanda do mercado importador, além do melhor preço pago ao produto em relação a outros países produtores. As safras subseqüentes não mantiveram este patamar de produção. Como já anteriormente mencionado, entre os fatores apontados pelos produtores, cita-se o desestímulo em função da dependência de "atravessadores" que, por sua vez, tendem a forçar a venda do produto por preços mais reduzidos. Outro agravante seria a inaceitabilidade deste produto frente a um mercado mais exigente em termos de aparência e ausência de fungos, substâncias químicas tóxicas e acompanhamento de laudo fitossanitário  comprobatório desta qualidade. Desta forma, atualmente, há um número bem menor de produtores devido ao prejuízo na comercialização da safra 2001/02, face ao cumprimento de contratos de exportação e, segundo Rücker (2002), a produção agrícola do gengibre ainda pode ser considerada uma atividade lucrativa, desde que seja implementado um sistema agro-industrial de manejo e beneficiamento adequado deste produto, sem uso abusivo de insumos agrícolas e sem uso de agrotóxicos. 
Assim, potencializar-se-ia a aceitação do gengibre paranaense pelo mercado consumidor regional e terceiros países. Segundo Santos (2000), a comercialização para o mercado externo do gengibre produzido em Morretes foi iniciada há cerca de 20 anos, mediante a Cooperativa Agrícola de Cotia. Este mercado externo é realizado por empresas exportadoras localizadas no Paraná (Antonina, Morretes e Curitiba), São Paulo (São Paulo, Santos, Indaiatuba, Atibaia e Jales), Minas Gerais (Belo Horizonte) e Santa Catarina (Itajaí). A maioria destas empresas que exportam o gengibre do município de Morretes tem um funcionário que inspeciona a embalagem do produto nas propriedades de produção. 
As empresas de maior porte possuem, geralmente, um representante que acompanha a carga no porto de destino.

Comunidade produtora agrícola

O sistema de produção paranaense de gengibre, em especial no município de Morretes, é realizado por pequenos (área da cultura de 0,2 a 0,3 ha), médios (área da cultura de 0,3 a 1 ha) e grandes produtores (até no máximo 10 ha). Essas propriedades, em sua maioria, possuem atividade olerícola, englobando a cultura de gengibre e de outras hortaliças, como chuchu, berinjela, alface, pepino, abobrinha, entre outras; caracterizando este município como um importante fornecedor de hortaliças para a Região Metropolitana de Curitiba. Em Morretes foram observadas três situações quanto ao custeio do cultivo: o produtor arca com os custos, os produtores são financiados pelas empresas exportadoras, tendo o produtor venda garantida do produto, e o cultivo é realizado com financiamento bancário.

Mão-de-obra empregada


Santos (2000) salienta que no município de Morretes, o setor agrícola é o grande gerador de empregos, principalmente nas atividades de colheita, preparo e limpeza, classificação e embalagem do produto in natura. Salienta, ainda, que entre dois mil e quinhentos a três mil empregos (a grande maioria temporários) são gerados durante o período que envolve a colheita do gengibre. Fora o período da colheita, cerca de mil e quinhentas pessoas trabalham durante todo o ciclo da lavoura, que é de um ano. Nas pequenas propriedades, toda a família trabalha no cultivo. Porém, durante a colheita, estes pequenos produtores contratam entre quinze e vinte empregados. As propriedades maiores têm entre doze e quinze empregados registrados e durante a colheita são temporariamente contratados entre sessenta e oitenta pessoas. Estes trabalhadores recebem uma diária, em média, de R$10, podendo chegar até a R$ 15, no caso de mão-de-obra mais especializada. A renda dos trabalhadores é gasta praticamente toda no município, determinando que os resultados das safras de gengibre sejam refletidos no comércio local.Terminada a colheita do gengibre, parte dos trabalhadores continua no preparo do novo plantio, o restante vai para a colheita e o plantio de hortaliças. Isso mantém a grande maioria dos trabalhadores rurais empregados, praticamente, o ano todo (IAPAR, 2000/01).


Tecnologia empregada

Observou-se em Morretes um modelo tecnológico em transformação, onde coexistem as agriculturas tradicionais da banana e da mandioca, de baixa produtividade, e sistemas de produção tecnificados, visando o mercado, com médio e alto níveis tecnológicos alta produtividade, conforme detalhado em Marchioro (2002). Entre os tecnificados, cita particularmente o cultivo do gengibre.
De acordo com EPAGRI (1998), os produtores de gengibre possuem equipamentos agrícolas como cultivador motorizado, trator equipado com arado e grade de disco, escarificador, carreta, pulverizador, conjunto de irrigação, pulverizadores costais, lavadores de gengibre, contentores de plástico para transporte e colheita da produção, entre outros. Evidenciou-se que os processos de beneficiamento do gengibre pós-colheita no município de Morretes estão afetos ao tipo de produto final comercializado, a saber: rizomas in natura. Desta forma, após a colheita o rizoma é geralmente submetida à lavagem e limpeza manual, secagem natural, classificação, acondicionamento (embalagem) e transporte.

Origem e destino da produção agrícola

Cerca de 70% a 90 % da produção de Morretes destina-se à exportação do produto in natura. Do restante desta produção, parte é utilizada localmente, em forma de rizomas-semente ou encaminhada para 
processamento industrial, e parte é encaminhada à CEASA-PR, com sede em Curitiba, para comercialização in natura tanto nos boxes, por comerciantes locais, como nas "pedras".

Pequenas indústrias familiares

No Paraná não há registro de processamento do gengibre em nível industrial, exceto o realizado por pequenas indústrias familiares localizadas em Morretes. Segundo técnico da EMATER, em 2003, registraram-se 34 indústrias caseiras que processavam parte da colheita de gengibre neste município. Estas indústrias produzem principalmente balas, conservas e geleia de gengibre. Estes produtos são vendidos localmente, em outras cidades do litoral e, também, em feiras-livres e alguns supermercados de Curitiba. Segundo Santos 2000), o número destas indústrias em anos passados chegou a 150. 
Esta diminuição em relação ao observado atualmente pode ser um reflexo da própria diminuição da produção local.
A Resolução n.23, de 15/03/2000 da Secretaria de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2000), que regulamenta o registro de produtos alimentícios, dispensa da obrigatoriedade de registro as indústrias que processam balas, doces e conservas. Entretanto, a Resolução RDC n.275, de 21/10/2002, da Secretaria de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2002) recomenda aos estabelecimentos produtores de alimentos a aplicação do regulamento técnico de procedimentos operacionais padronizados e verificação das boas práticas de fabricação. A pesquisa de campo realizada em Morretes revelou total ausência de controle de qualidade nestas pequenas indústrias processadoras, tanto por parte da ANVISA local quanto de órgãos extensionistas rurais e dos próprios proprietários.

Comercialização do gengibre in natura

A CEASA-PR é o principal polo receptor e de comercialização de gengibre in natura na Região Metropolitana de Curitiba. Conforme dados obtidos da Divisão Técnica Econômica da CEASA-PR (2002), a comercialização do gengibre in natura pela CEASA de Curitiba correspondeu a um volume aproximado de 200 t, no período de 2000 a 2001, com preço médio por kg de R$ 0,90 a R$ 0,67, respectivamente. Deste volume comercializado neste período, 79,1% a 79,5% referiam-se ao produto procedente do município de Morretes.
Os principais receptores do produto ofertado na CEASA-PR são supermercadistas, feirantes e comerciantes do Mercado Municipal de Curitiba (figura 4).



















Segundo a Secretaria Municipal de Abastecimento de Curitiba (SMAB), no período de 2000 a 2001, as feiras-livres movimentaram cerca de 42,8% da comercialização anual do gengibre in natura e o Mercado Municipal de Curitiba 20,0% (PARANÁ, 2002).


Limitações e pontos de estrangulamento da cadeia produtiva de gengibre de Morretes.
 
Produção agrícola

Geralmente o cultivo de gengibre está inserido na região de ocorrência da Floresta Ombrófila Densa (Floresta Atlântica), com severas restrições de uso e ocupação impostas pelo IBAMA e Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Portanto, antes de iniciar o plantio, o produtor deve entrar em contato com estas instituições para obter o devido licenciamento ambiental. A cultura do gengibre tradicional no município de Morretes é caracterizada pelo uso excessivo de agrotóxicos, o que potencializa o risco de dano ambiental próximo a regiões de preservação ambiental e rios. Há uma tendência do mercado mundial, grande alvo da produção do município de Morretes, dar preferência ao gengibre orgânico (SANTOS, 2000), visto que o uso inadequado de agrotóxicos na agricultura poder trazer sérios prejuízos à segurança do trabalhador rural envolvido em sua aplicação, à saúde do consumidor e ao equilíbrio do meio ambiente. A incidência de pragas (principalmente lagarta-rosca, nematóides e doenças Phyllosticta sp, Rhizoctonia solani, Fusarium oxysporum) compromete seriamente a produção de gengibre. O controle destas ou a redução de seus efeitos tem sido conseguido, em parte, com a rotação de culturas e o emprego de rizomas-semente sadios.
Outra grande dificuldade da cultura no município, segundo Santos (2000), é a descapitalização do produtor, que contraiu muitas dívidas com os bancos no início da década de 90 e, em torno de 70 produtores, securitizaram suas dívidas. Com isso, há o impedimento ao acesso a novos créditos e, desta forma, comprometendo a produção, bem como a qualidade do produto.

Comercialização

De modo geral, os produtores de gengibre de Morretes se mostram insatisfeitos com o mercado externo. Não há garantia de preço, nem existência de um contrato estabelecido entre o agricultor e o comprador, determinando em muitos casos atraso ou mesmo a falta de pagamento pelo produto. Esta situação passa a configurar-se em desestimulo à continuidade do plantio desta cultura, reforçada pelo alto custo de produção (em média R$ 18.000,00/ha).
Outro entrave relativo à comercialização, considerado por alguns produtores como principal problema, é a excessiva produção de gengibre no Brasil, dificultando a venda. Entretanto, as cifras de importação de gengibre desmentem este fato. Alguns outros produtores consideram como fator negativo na comercialização do produto brasileiro os baixos preços ofertados pela China, um dos grandes produtores mundiais. Entre outros fatores também apontados pelos produtores foi a alegação dos "atravessadores" de que o produto paranaense deixa a desejar no aspecto qualidade com a presença de fungos e ausência de controle sanitário comprobatório.
É imprescindível que se diga que a comercialização está diretamente relacionada com a qualidade e preço. O produtor busca minimizar custos e obter o melhor preço para o seu produto, para potencializar a inserção do produto no mercado e aumentar sua lucratividade, enquanto que o comprador espera obter a melhor qualidade possível aliada a menores preços. É um ciclo vicioso, que nem sempre considera o consumidor final como dependente direto do resultado deste processo.

Controle de qualidade


Observou-se uma grande carência quanto ao controle higiênico-sanitário do sistema de produção como um todo, especialmente no beneficiamento pós-colheita, por parte dos produtores. 
Conseqüentemente, o produto final apresenta sério comprometimento e qualidade frente ao mercado consumidor regional e terceiros países, especialmente no que concerne aos padrões microbiológicos 
referenciados como adequado em Brasil, 2001.
A falta de qualidade que muitas vezes se iniciou na produção acaba persistindo no setor secundário. A maioria das pequenas indústrias não aplica controle de qualidade ao produto, operando em situação bastante precária, bem como o descumprimento da Resolução RDC n.275 (BRASIL, 2002), por parte da fiscalização. Este tipo de situação demonstra descaso com a saúde da população consumidora destes 
produtos.
Os comerciantes e produtores que comercializam na CEASA-PR consideram como critérios de avaliação de qualidade do rizoma de gengibre: tamanho, brilho, ausência de terra aderida à superfície do rizoma, ausência de brotamento e quebra. Entretanto, não fazem exigência quanto à certificação ou laudo técnico que identifique a qualidade sanitária do produto comercializado. A grande maioria destes comerciantes mostrou desconhecer as orientações e normatizações legais sobre este aspecto e as implicações da falta de qualidade na saúde do consumidor. Estes apenas mencionam, ocasionalmente, as conseqüências do uso de agrotóxicos. 
Também o consumidor é pouco exigente, dado que compra produtos sem qualquer garantia de procedência qualificada, mantendo assim a problemática.
Nos estabelecimentos de comercialização foram identificados problemas, na qualidade do produto comercializado, como os de origem nos manipuladores e na inexistência de laudo laboratorial atestando o controle de qualidade do produto in natura adquirido do setor primário, associados à falta de qualidade sanitária evidenciada em algumas amostras comercializadas de gengibre in natura.

Fonte> Paraná Online

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