domingo, 9 de junho de 2013

Origens da família Malucelli.

ORIGENS DA FAMÍLIA MALUCELLI.
Marcos Triaquim Malucelli e a bisneta 
Fernanda Karolina - 1986.
Filhos de Marcos Triaquim Malucelli, 
da esquerda para à direita:
Helena, Alfredo Augusto, Jorge Luiz, Lourenço Euclides, Maria Luiza e Maria de Lourdes.
Marcos Triaquim Malucelli com filhos, noras e genros. 



Origens da família Malucelli, 125 anos no Brasil, completados no mês de abril/2002.

A família Malucelli, hoje com quase quatro mil membros, chegou ao Estado do Paraná em 1877. Nesta época, 125 anos atrás, Giovanni e sua esposa Margherita decidiram deixar a pátria de origem para aventurar-se numa vida nova, num país distante, atraídos pelas notícias recebidas de outros compatriotas que aqui já estavam. Deixaram para trás uma vida estabilizada na Itália encontrando um novo mundo de inúmeras dificuldades.
Da Itália, Giovanni e Margherita chegaram com seus oito filhos; mais tarde Margherita já viúva conseguiu trazer mais dois sobrinhos. Giovanni faleceu depois de dois anos de quando aqui se estabeleceu e a matriarca Margherita conduziu com pulso forte a criação e  orientação dos oito filhos.
Da Itália a família era ilustre, estando inscrita no Bairro de Ouro do antigo Ducado de Ferrara. Os descendentes atuais, legítimos e naturais, podem reivindicar pela reconstituição da árvore genealógica da própria família, o título de Nobre ferrarense, podendo também usar o brasão da família nobre, o que demonstra a antiguidade e distinção de sua linhagem.
A família Malucelli chegou ao Brasil no porto de Paranaguá em 1o. de abril de 1877 e instalou-se primeiramente em Alexandra, litoral paranaense, local bem diferente que imaginava Giovanni. Depois do falecimento de Giovanni, Margherita transferiu-se para Morretes, também zona litorânea do estado, precisamente na Colônia Nova Itália, no Sítio Grande, onde a matriarca comprou um lote.

Período dos primeiros trabalhos e estabilização financeira na sobrevivência da família Malucelli no Brasil

Os dois filhos mais velhos, Marco Antônio e Giovanni Baptista, trabalharam na construção da estrada de ferro de Curitiba-Paranaguá, ajudando assim a sustentar a família. Os outros trabalhavam na agricultura, no plantio de banana e cana-de-açúcar, além do corte e venda de lenha. Com muito sacrifício conseguiram juntar capital suficiente para comprarem o Engenho Central de Morretes, que estava decadente antes da aquisição pela família. Nas mãos dos Malucelli o engenho prosperou possibilitando a ampliação nas atividades agrícolas, pecuárias, industriais e comerciais.
Toda a família Malucelli residia em dois sobrados no Sítio Grande, em Morretes, inclusive aqueles que casavam.
Marco, o filho mais velho, passou a ser o responsável pela família, mais ainda após a morte da mãe em 1908. A união entre todos continuou muito grande ao ponto de que quando um presente era comprado para a sua esposa, dava também um igual para todas as cunhadas e irmãs.
Desse sistema de vida patriarcal a família continua unida até hoje e todos os anos, no dia 1o. de abril (primeiro de abril), os Malucelli se reúnem num almoço comemorativo relembrando com carinho a data de chegada de Margherita e Giovanni no Porto de Paranaguá/PR.

João Malucelli Júnior

O neto de Margherita e Giovanni viveu nos casarões do Sítio Grande e quando tinha 78 anos de idade concedeu o seguinte depoimento ao Jornal da Indústria e Comércio (Curitiba/PR):
"A organização dentro da casa era exemplar, na casa de minha mãe éramos em cinco casais, mais minha mãe e a criançada toda. A casa tinha oito quartos, todos cheios. O segundo sobrado encheu também. Todo mundo morava junto, era uma família só. Todos seguiam as regras da casa e funcionava perfeitamente bem".
Ele relata que sua mãe organizava o trabalho de casa, dividindo-se entre as filhas e noras. Cada semana uma das famílias era encarregada de cuidar da cozinha. Na semana seguinte ficava responsável pela limpeza da casa com um rodízio constante.

Morretes e a família Malucelli

Os outros moradores de Morretes foram beneficiados com a organização e a garra da família Malucelli pois o engenho da família foi o primeiro a ter energia elétrica, estendendo o benefício a todos.
O mesmo ocorreu com a água encanada. A família instalou uma roda d'água para abastecer a casa de Marco. Pouco depois, os encanamentos atingiam a casa do prefeito, farmacêutico, médico, etc.
Os Malucelli foram os primeiros a possuir automóvel e telefone.
Também como bons italianos, as festas eram dignas de destaque na cidade e região. Nos constantes casamentos, já que os descendentes eram numerosos, uma verdadeira multidão comparecia, os Malucelli abrigavam os visitantes na cidade e como até hoje, o prestígio e boas relações da família conquistaram e continuam conquistando novas amizades.
A alimentação era fartamente servida a todos que os visitaram: polenta, risoto, pão caseiro, assados, manteiga, vinho... tudo muito italiano.

Família Malucelli / Comemoração do 1º. centenário no Brasil

Em 1977, os Malucelli se reuniram para celebrar o centenário da chegada de Giovanni, Margherita, os oito filhos e mais dois sobrinhos no Paraná.
O trineto do pioneiro Giovanni, pronunciou uma saudação da qual foram extraídas as palavras seguintes, muito evocativas do passado e do modo de ser da família:
"Neste mundo onde o progresso técnico-científico começa a sufocar o amor, a amizade, os laços mais estreitos da bondade, da compreensão e da tolerância, é preciso que o homem assuma o seu lugar de real ser humano, superior a hierarquia não apenas porque pensa, mas sobretudo porque sente.
Eu sinto necessidade de dizer que esta é uma reunião para matar as saudades, é uma reunião para reencontrar aqueles que brincaram juntos quando crianças, namoravam na mesma praça, dançaram no mesmo salão, estudaram na mesma escola. Eu sinto falta do terço rezado no sobrado durante o mês de junho. Eu sinto falta do engenho, do banho no vale central, do cheiro de mimosa, de roubar cana da carroça que passava rangendo as rodas. Eu sinto falta de tudo que me diz Malucelli.
Os velhos... há cem anos - um século - deixaram a certeza e embalados por vagas informações cheias de engodo abraçaram a dura realidade e a aceitaram, depois de cem anos... aqui estamos nós, descendentes destes fortes, unidos apesar das distâncias em que moramos, lutando, sacrificando-se, alegrando-nos, trabalhando, vivendo com a certeza de poder dizer: os Malucelli conquistaram o seu lugar ao sol.
Nada mais justo, portanto, que os mais velhos sejam saudados pelas suas têmpera, persistência, coragem e seu trabalho. Reverenciamos e agradecemos nas pessoas dos Malucelli de mais idades, orientadores de nossos caminhos.
É pelo desafio que os nossos velhos aceitaram, que hoje aqui nos reunimos. Hoje sabemos que o desafio aceito por eles, o desconforto em que viveram, os riscos que passaram, serviram de pedra básica para a construção deste edifício que é a nossa família. Eles souberam usar muito bem a pá do trabalho para misturar a argamassa feita de fé e amor resultando esta união da qual nos sentimos orgulhosos.
O Paraná, "terra de todas as gentes", também pode orgulhar-se de ter proporcionado a imigrantes de famílias tão ilustres - pelo nascimento, pela força de sua personalidade ou por sua grande capacidade de trabalho - os abundantes meios para a realização de seus mais ousados sonhos". 
                                                                                                            *Pesquisa da origem da família Malucelli, extraída do jornal Indústria e Comércio Curitiba/1994 - lembranças estampadas nos quadros da Sede Social da Malutrom S/A, em Curitiba/PR/Brasil.

- É oportuno lembrar que o ano do Centenário da Família Malucelli no Brasil (1877-1977), foi brilhantemente comemorado na Sociedade Garibaldi, em Curitiba/Pr.
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